terça-feira, 3 de agosto de 2010

Primeiro Português nº1 da Autoeuropa

Pela primeira vez em 18 anos de existência, a Fábrica da Autoeuropa em Palmela vai ter um director geral português.

António Melo Pires, de 52 anos, entrou nos quadros da empresa em 1992. Passou pela unidade espanhola em Navarra como director da área de carroçarias; de seguida, mudou-se para São Bernardo dos Campos (Estado de São Paulo) para ser director de produção; posteriormente, tornou-se director geral da unidade da Volkswagem em São José dos Pinhais, grande Curitiba (Estado do Paraná).

A Fábrica da Volkswagem de Curitiba, é uma das 5 existentes no Brasil, e uma das mais modernas do mundo. Inaugurada em Janeiro de 1999 graças a um investimento bilionário, possui uma área de 330000 m2 e conta actualmente com cerca de 3600 funcionários. Esse pequeno império, foi governado de 2007 a 2010 por um Eng. Mecânico de Setúbal. Devemos orgulhar-nos disso e do convite aceite por António Pires de retornar ao seu país para estar à frente dessa enorme empresa.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Curitiba - Cidade mais sustentável do mundo


Amigos e conhecidos ao descobrirem que nasci e passei a minha infância em Curitiba, têm o hábito de me questionar: - "É bonita a cidade? Tem praias ou fica perto do mar? Já deves estar habituado a muito calor?". Eu procuro explicar que Curitiba é uma cidade que se distingue da maioria das cidades turísticas brasileiras, tendo até características de uma cidade europeia devido a: não se localizar junto ao mar; gozar de um clima mais ameno e ficar num planalto (900m de altitude); ter uma grande percentagem da população com a pele, olhos e cabelo claros; etc. É verdade que algumas dessas características não a tornam à primeira vista um cartão postal muito apetecível para umas férias de sonho, mas a metrópole seduz os visitantes pelos motivos abaixo referidos e muitos outros.

Curitiba foi eleita pelo Globe Fórum, na Suécia, a cidade mais sustentável do mundo em 2010. Os critérios utilizados na distinção da cidade foram: preservação dos recursos naturais, bem-estar e relações sociais nas cidades, inteligência e inovação nos projectos e programas, cultura e lazer, transporte, confiança no sector público e gestão financeira e patrimonial. Foram superadas as cidades de Sidney (Austrália), Murcia (Espanha), Malmo (Suécia), Songpa (Coréia do Sul) e Stargard Szczecinski (Polónia). O prémio que no ano passado foi ganho pela cidade de Cardiff (Pais de Gales), foi entregue em Estocolmo aos responsáveis da capital do Estado do Paraná no passado dia 29 de Abril.
Em Janeiro passado a cidade ganhou em Washington o Sustentainable Transport Award, pela implantação da Linha Verde. Avenida com 10 faixas de rodagem, onde se incluem vias-rápidas, vias para acessos aos bairros e comércio, vias para transportes públicos onde circulam autocarros (ônibus) apenas movidos a biocombustível e estacionamentos.
Em 2007 Curitiba também foi considerada pela revista Americana Reader's Digest a cidade brasileira com melhor qualidade de vida e uma das cinco melhores cidades para se investir na América Latina.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ainda no Oeste

À CAÇA - NAZARÉ


Quando em 1182 o cavaleiro D. Fuas Roupinho andava à caça, a cavalo, atrás de um veado, foi surpreendido por um denso nevoeiro. O mamífero possuidor de uma inteligência diabólica parecia querer atrair o alcaide para uma perigosa falésia, aproveitando-se da pouca visibilidade que se fazia sentir. Inesperadamente, o cavaleiro acabaria por se encontrar à beira de um precipício ao lado de uma gruta onde se venerava a imagem de Nossa Senhora. Só teve tempo para gritar: - Senhora valei-me! Foi o que lhe valeu a vida. Milagrosamente surgiu, debaixo das patas do cavalo, uma rocha suspensa sobre o vazio - o Bico do Milagre.

Ao contrário de D. Fuas Roupinho, a nossa caçada no ponto mais alto da Vila da Nazaré, onde se encontra o referido Bico do Milagre, não foi surpreendida por nenhum nevoeiro, muito pelo contrário, estava uma bela tarde de sol. Encontrado o local, fomos bem recebidos por umas senhoras muito simpáticas, que se dedicam ao comércio de produtos religiosos e gastronómicos típicos da região, e que são conhecidas por ser as senhoras das sete saias. Curiosos, mas delicados que somos, não nos certificamos se as senhoras tinham realmente, as tais "sete saias" vestidas. Pelo menos uma tinham, e de certo, se forem pessoas que cumprem à risca as tradições que fazem parte do folclore da Nazaré, também teriam as outras seis.

As sete saias são um traje tradicional que faz parte do folclore da Nazaré. Representam todas as atribuições bíblicas, míticas e mágicas que esse número representa. São muitas as explicações relativas às sete saias, mas a única coisa que é concensual é que este vestuário está ligado ao mar e às famílias dos pescadores da Vila.


DESAFIO - SÃO MARTINHO DO PORTO

Numa altura em que o sol já fraquejava, ainda nos restava algumas forças para tentar superar o desafio do dia - subir a Duna de São Martinho do Porto.

A praia de São Martinho do Porto caracteriza-se por ter a forma de uma concha. A parte mais arredondada da concha é a Baía, para onde o mar entra através de uma pequena abertura. Na parte mais a Norte da Praia, a caminho de Salir do Porto, encontra-se uma grande duna, de onde (do alto dos seus aproximadamente 100m) se tem um grande panorama da praia e da vila. Os 100m referidos foram o desafio ao qual estivemos sujeitos, antes de regressar a Areia Branca para jantar e descansar.

Se São Martinho estivesse presente na altura em que nos propusemos a empreender a subida, de certeza que não haveria o desafio. Bondoso como era, poupar-nos-ia o esforço, e dar-nos-ia boleia ou carona no seu inseparável cavalo.


"Duna subida, duna vencida, paisagem merecida"


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Velho Oeste Português

QUARTEL GENERAL - PRAIA DA AREIA BRANCA



Foi numa sexta-feira 13 à noite, por volta das 21h, que nós partimos para uma Aventura Cultural tendo como destino uma zona fértil encravada entre o Oceano Atlântico e o maciço que nasce em Montejunto - Região Oeste. Território de luminosidade intensa em que a costa marítima e o campo se interligam, numa mancha verde, salpicada de casario branco e clima ameno.
Munidos de um banal GPS de telemóvel e de um precioso e actualizadíssimo mapa (que na altura da sua compra custara a módica quantia de 599 Escudos), imperava a certeza de que mais cedo ou mais tarde, encontraríamos o nosso primeiro destino - a Pousada da Juventude da Praia da Areia Branca.

Ultrapassadas as dificuldades da, sempre em obras, Auto-Estrada A8 e cumpridos os intermináveis 90 Km que nos separavam do destino, chegamos finalmente à Praia da Areia Branca. A falta de luz que esta Vila apresentava nessa altura, fazia com que a localidade parecesse uma assustadora e misteriosa Cidade Fantasma. Retornada a normalidade da situação energética, acabamos por ficar bem instalados na referida Pousada, estrategicamente posicionada junto ao mar.
É interessante estar numa praia designada de Areia Branca, ignorando a componente que dá o nome à localidade e dar uma maior profundidade ao nosso olhar para admirar a imponência de um mar que não se faz rogado em mostrar-se agressivo. Talvez a areia não seja propriamente para admirar. Como prova disso, Caetano Veloso, possivelmente citando alguém, cantava "Um dia a areia branca seus pés irão tocar...".



CONQUISTA - CASTELO DE ÓBIDOS

No sábado de manhã, após um curto passeio à beira-mar, fizemo-nos à estrada a caminho da pacata e graciosa Vila de Óbidos. Percorremos cerca de 28 Km para encontrar a "cidade fortificada" (significado do termo latino oppidum que deu origem ao nome Óbidos) que é composta por cerca de 3100 habitantes. Estávamos apreensivos mas muito motivados para cumprir a complicada missão que seria conquistar um castelo que em Fevereiro de 2007, se tornaria uma das sete maravilhas de Portugal e que, até então, só um grande português tinha conquistado - D. Afonso Henriques (1148).


Construção medieval, outrora à beira-mar, acabaria por ser tomado após alguns minutos de uma incansável caminhada, em ritmo de passeio, é claro, o rectangular irregular e reforçado por torres quadrangulares Castelo de Óbidos.

No final, o ar descontraído da vitória, tendo como pano de fundo a bonita planície que confina a leste com a fortificação. E como em todas as vitórias há sempre a devida recompensa: Aos que não estavam a antibiótico esperava-os uma magnífica ginjinha em copo de chocolate. Missão cumprida!


ALMOÇO - FOZ DO ARELHO

Estando já nutridos de alguma cultura e preparação física, o almoço esperava-nos. O destino seguinte seria uma das mais recentes vilas portuguesas - Foz do Arelho (elevada a vila em 12 de Junho de 2009).

É difícil pensar nesta praia e não nos lembrarmos, também, da intimamente ligada Lagoa de Óbidos. Antigamente dizia-se que a Lagoa dava pão e vinho, metaforizando o sustento da povoação que dela era proveniente através da pesca. Num restaurante típico da zona em que a especialidade é peixe, nós, os aventureiros, quisemos homenagear a importância da pesca na terra, almoçando um grande, suculento e belo... bife. Talvez fossemos posteriormente castigados por Nossa Senhora de Guadalupe, nome da quinta no centro histórico da povoação e em torno da qual se desenvolveu. Mas a verdade é que... há momentos na vida em que... como diz o ditado, "Peixe não puxa carroça". Ainda tínhamos uma longa tarde à nossa frente.

PASSEIO - ALCOBAÇA

Verificando que no Arelho pouco se passa, fomos para Alcobaça. A tarde cinzenta, fazia antever o recordar, no Mosteiro, de uma linda história de amor. No monumento gótico, outra das 7 maravilhas portuguesas, estavam à nossa espera D. Pedro I e D. Inês de Castro, nos seus airosos túmulos, frente um ao outro. Reza a lenda que, quando acordarem, no Juízo Final, a primeira coisa que farão será olharem imediatamente, apaixonadamente, um para o outro.




segunda-feira, 19 de abril de 2010

Gralha Azul


O Estado brasileiro do Paraná, cuja etimologia do seu nome, na língua tupi, significa "semelhante ao mar", é caracterizado pela abundância de um Pinheiro específico da região, designado Araucária. A presença de tal vegetação em locais remotos e despovoados vem intrigando quase todas as pessoas que se apercebem dessa situação, exceptuando-se, os seres humanos que têm uma sensibilidade mais apurada em relação a tudo o que se passa na natureza - os índios. Foram eles que descobriram a responsável pelo enorme manto verde de pinheiros que povoa o Estado (com o dobro da dimensão de Portugal) num processo muito original de reflorestação - uma ave: a Gralha Azul.


De plumagem azul vivo, cabeça preta e aproximadamente 40 cm de comprimento, a Gralha Azul (protegida por lei desde 1984), tornou-se conhecida por possuir uma memória débil, ao esquecer, com grande frequência, onde enterrava o pinhão que viria a ser comido mais tarde, transformando-se assim numa grande benfeitora do Estado, que a acolheu em contrapartida como símbolo.


"Lenda ou realidade,
Do Paraná ou aqui perto.


Assim como a Gralha Azul,
Vou semear,
E ver no que vai dar..."